Duy Huynh
Corrias pelo campo por entre searas inocentes, carregando nos bolsos as histórias tricotadas por asas de sonho. Só repousavas nos braços da pequena montanha, que avistavas da janela do teu quarto. Acreditavas que o céu lhe beijava o rosto sempre que o sol e a lua poisavam a mão no seu regaço. Convicta dessa ilusão, escancaravas os olhos e imaginavas poder abraçar o céu e semeá-lo num pedaço do teu jardim onde as flores teriam o simples brilho das estrelas. Sonhavas poder beber esse azul e navegar pelo céu povoado de ilhas brancas e árvores com asas. O infinito não cabia nos teus olhos, mas ias guardando e cultivando pequenos fragmentos dessa morada... Agora que os teus bolsos se tornaram demasiado pequenos, e as searas ganharam outra cor, já não precisas de correr. Pois as histórias tricotadas por asas de sonho foram crescendo e (sobre)vivem na única morada onde cabe todo esse infinito, o teu eterno coração de mãe...
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